quarta-feira, 1 de julho de 2015

Lei das Biografias & Roberto Carlos

Apenas para não passar em branco (até porque foi notícia no Jornal Nacional!), gostaria comentar que fiquei feliz com a liberação da publicação de biografias sem autorização prévia das pessoas biografadas ou seus herdeiros, que aconteceu mês passado, em 10 de junho. [Leiam sobre isso aqui.]

Talvez essa polêmica toda tenha vindo à tona com mais força em 2007, depois que o cantor Roberto Carlos conseguiu aval da Justiça para que exemplares da biografia dele, Roberto Carlos em detalhes, escrita pelo jornalista Paulo César de Araújo, fossem retirados do mercado, pois o cantor supostamente não havia autorizado a publicação (leiam um pouco da história aqui). Pelo que entendi, tudo isso não visava proteger a imagem do cantor nem evitar possíveis calúnias contidas no livro, mas tinha a ver com dinheiro. Roberto Carlos não ganharia nada com a publicação de sua biografia e talvez supunha que o livro prejudicaria a venda de seus CDs. Se isso for verdade, que mentalidade, não? Eu já acredito no contrário: a biografia poderia despertar ainda mais interesse de fãs ou de pessoas que gostam do cantor e até de pessoas que nem o conhecem direito e essas pessoas poderiam comprar mais CDs. 

Há alguns anos cheguei a ler trechos dessa biografia proibida do Roberto Carlos na internet para tentar descobrir se havia calúnia ou algo assim, mas não cheguei à conclusão nenhuma. Só descobri como ele sofreu o acidente em que ele perdeu parte da perna e cheguei a pensar que ele não queria que esse episódio da vida dele fosse divulgada.

O mais irônico é que depois da alteração na lei, a assessoria de imprensa do Roberto Carlos soltou a seguinte nota“Roberto Carlos e o Instituto Amigo vêm a público declarar sua grande satisfação com a decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal”. [Tá bom, Roberto Carlos. A gente acredita que que você só estava preocupado com sua imagem e não com os lucros que sua biografia poderiam render sem sua autorização prévia.]

Em 2014, Paulo César lançou o livro O Réu e o Rei, sobre toda essa confusão em torno da publicação da biografia do Roberto Carlos. Quando tiver oportunidade, quero ler, pois deve ser interessante entender como, na prática, a lei dificultava a publicação de biografias e como isso provavelmente vai melhorar daqui para frente. 

A liberação das biografias sem autorização prévia pode fazer com que uma tradição de publicação de biografias se inicie no Brasil, mas o justo continua justo: se o biógrafo caluniar ou difamar o biografado, pode responder judicialmente por isso. Talvez ingenuidade minha, mas acredito que isso não vá acontecer. Todo biógrafo vai escrever sobre alguém porque gosta, admira e/ou tem interesse pelo biografado, não?

Gosto de biografias, pois elas, em geral, me inspiram. Biografias (e autobiografias) podem não ser - e provavelmente não são - 100% fiéis aos fatos, mas o fato de muitas vezes realçarem momentos bonitos ou de superação me fazem querer lê-las. Li sobre as biografias do Ronnie Von aqui e da Elis Regina aqui há algum tempo e me interessei em ler. Eventualmente, eu que não sou fã nem de um nem de outro, me interessaria em comprar os CDs deles também - por isso acho que a publicação de livros não prejudica a venda de CDs como Roberto Carlos talvez suponha.

Para encerrar, um vídeo dos incríveis comediantes do Porta dos Fundos, publicado no YouTube em janeiro de 2014, que provavelmente resume o que eles pensam sobre o assunto. 


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