quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Caixa de Letras - exposição de tipografia


Além da tristeza pelo fechamento da editora Cosac Naify no fim desse ano, há outro motivo para se ficar triste: um incêndio destruiu o prédio que abrigava o Museu da Língua Portuguesa, na estação Luz. Isso aconteceu há três dias e foi bastante noticiado, como pode ser lido aqui. Um bombeiro morreu intoxicado com a fumaça, o que torna o fato ainda mais trágico.

O Museu da Língua Portuguesa é/era um dos meus lugares preferidos em São Paulo. A última exposição que fui ver, em outubro desse ano, foi de tipografia. Na verdade, essa exposição estava em uma sala fora do museu, é um tipo de "anexo" dele. Como estou tentando entender um pouco mais sobre design, foi uma boa oportunidade para começar a entender um pouco de tipografia também...

O texto de introdução da exposição era bem didático (ótimo para pessoas como eu!):



"Letras para dar (e vender)

Nas últimas décadas, a tipografia deixou de ser uma atividade restrita aos profissionais de comunicação e passou a fazer parte do dia a dia das pessoas. Todos os computadores possuem um conjunto mínimo de fontes instaladas. Além delas, é possível encontrar outras pela internet.

Criar uma fonte de qualidade não é tarefa fácil. Para que ela atenda às diferentes necessidades de comunicação, o designer de tipos projeta pelo menos 200 caracteres, entre maiúsculas, minúsculas, numerais, acentos e sinais de pontuação. Em seguida estabelece as distâncias laterais de cada signo em combinação com os demais (espacejamento), definindo letras que exigem espaços específicos entre si (pares de kerning). Tudo isso para garantir que a mancha de texto fique homogênea e torne a leitura agradável.

Depois das provas impressas, seguem os testes em diferentes programas e sistemas operacionais. São pelo menos três meses de trabalho para uma fonte. Já o prazo para se fazer uma família com variações em itálico e negrito pode passar de um ano. A maioria dos tipos gratuitos é feita por amadores e não atende a todos estes parâmetros.

Fontes digitais, assim como outros softwares, são 'licenciadas' e não 'adquiridas'. Sua licença de uso se dá por um documento conhecido como EULA (End User License Agreement / Acordo de Licença para Usuário Final) conforme o número de computadores em que as fontes serão instaladas.

A licença de uso de uma fonte profissional, para um usuário, custa em torno de 90 reais, valor que pode variar segundo fatores como número de caracteres e complexidade da programação. Existem ainda fontes distribuídas sob outros tipos de licença: uso pessoal (não comercial) e software livre, que permite alteração do arquivo e redistribuição sem custo. Mesmo as fontes gratuitas profissionais são licenciadas. Alguns designers de tipos, ao publicarem famílias tipográficas no mercado, disponibilizam uma das fontes sem custo, como uma forma de estimular o licenciamento das demais variações.

No Brasil, tem crescido a quantidade de pessoas interessadas em criar suas próprias fontes digitais, seja como hobby ou atividade profissional."

Depois dessa exposição, concluí que designers são mesmo geniais. Imagina combinar o design de capa e a tipografia de um livro (da capa e do miolo) de forma que eles se relacionem com o conteúdo, para que tudo fique mais harmônico para o leitor?! Não é para qualquer um.





































Crianças brincando com letras 

Casal brincando de caça-palavras

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Fotos que tirei na minha última visita ao Museu da Língua Portuguesa propriamente dito (outubro/2015):





Na Praça da Língua, havia trechos de livros e poemas no chão... esses textos eram lidos por pessoas famosas, com a luz apagada, enquanto efeitos luminosos eram projetados no teto e nas paredes. Era fascinante.








Feirinha em frente à Praça da Luz, em geral, com exibição de carros antigos 

Estação de trem da Luz