segunda-feira, 18 de abril de 2016

MBA em Book Publishing - Primeiras aulas, primeiras impressões



Várias pessoas me perguntaram sobre o MBA em Book Publishing que estou fazendo, então vou escrever um pouco sobre as primeiras aulas que tive e minhas impressões (bem pessoais e subjetivas). Desculpem, mas no momento é impossível responder e-mails individuais sobre as mesmas questões devido à falta de tempo.

Para falar a verdade, além da falta de tempo, também estava enrolando para escrever sobre o curso porque estava um pouco desanimada; o primeiro dia foi legal, mas as aulas seguintes ficaram aquém das minhas expectativas (que nem eram tão altas) e isso me desanimou. Uma vez alguém perguntou no grupo do WhatsApp se haviam passado alguma bibliografia e alguns responderam que não; aí comentei que achava superestranho o fato de não haver bibliografia nenhuma. Eu estava no trabalho, não dava para ficar conversando, aí, quando fui olhar de novo, havia mais de 60 mensagens... depois do meu comentário, alguém comentou que estava achando o curso "raso" e pelo menos metade da sala concordou, só teve uma pessoa que comentou que estava gostando de tudo ou algo nesse sentido. Senti um certo alívio, porque não era implicância minha. Havia mais gente achando o curso "raso". Apesar disso, as aulas do sábado passado (16/04) foram boas e voltei a me animar; não sei se isso teve a ver com a minha postura de não ligar muito também, quero dizer, eu havia decidido aproveitar o que me servisse e ignorar as coisas ruins e pronto. Uma amiga que está na primeira turma comentou que o curso fica melhor depois dos dois primeiros meses - espero que sim! E fiquei pensando que essa percepção de que o curso é "raso" tem a ver com o fato de muita gente já estar no mercado e algumas informações trazidas pelos professores não serem novidade, além de as pessoas ali terem frequentado faculdades boas e tradicionais (várias pessoas da USP e pelo menos três da Unesp), então a comparação com os cursos que já fizeram/ fizemos é inevitável e o nível de exigência, maior. E para mim, ainda, tem a comparação com o MBA em Gerenciamento de Projetos que fiz na FGV [e, diga-se de passagem, me custou o triplo do preço desse curso atual].

Bom, na minha turma há cerca de 40 pessoas e temos aula no Instituto Singularidades, perto da estação de metrô Faria Lima (descendo nessa estação, dá para chegar lá em 10/15 minutos), e não na Casa Educação, perto da estação Vila Madalena, onde inicialmente teríamos aula. Creio que a mudança, devido a uma cláusula do MEC (não entendi, mas ok), foi boa, porque as salas do Instituto Singularidades parecem ser muito mais amplas. Nos sentamos em grupo, porque as mesas são meio grandes e em formato de hexágono. Ainda não sei o nome de dois terços da sala porque, em geral, sento sempre com as mesmas pessoas.

Mais ou menos metade da sala já trabalha em editora e a outra metade quer trabalhar na área; tem também alguns aspirantes a escritores que gostariam de entender melhor como é esse mercado. Na sala, há mais mulheres que homens, e a maioria dos colegas estudou letras ou jornalismo. Tem um colega que era ou é da área de TI, mas que quer migrar para a área de publicação (ou talvez já trabalhe com isso de alguma forma), há um colega de vendas, outro de produção editorial que trabalha numa grande editora do Rio (aliás, além dele, que é do Rio, tem uma colega que vem de Minas só para as aulas), e dois que têm sua própria editora. De uma forma ou de outra, acho que todos ali gostam de ler e só por esse motivo já me sinto melhor do que me sentia no outro MBA, onde a maioria era da área de TI ou engenharia.

Até agora, tive quatro dias de aula e 8 aulas (na verdade 7, faltei em uma aula porque estava na Oficina de Tradução de Prosa (isso aqui)). A aula da manhã começa às 9h, há um intervalo para almoço entre 13h e 14h (há vários tipos de restaurantes na região; eu e o pessoal com quem saio para almoçar temos comido "pratos feitos", os PFs, por R$ 15~20), e depois temos a aula da tarde, até às 19h. Antes não tínhamos intervalo (!), ou seja, quatro horas seguidas de aula de manhã e cinco horas direto à tarde. Alguém pediu um intervalo na aula da manhã e na aula da tarde e agora temos uns 10/15 minutos de folga. É meio puxado, mas acho melhor assim do que ter menos horas de aula por dia e um cronograma mais extenso (aulas por dois anos e não por um ano e meio, por exemplo).

No dia 27/02, tivemos aula com a Laura Bacellar, que falou um pouco sobre o panorama do mercado editorial no Brasil, e com o Jiro Takahashi, que deu uma aula ótima sobre a história do livro no Brasil (parênteses: vários colegas comentaram que gostaram muito da aula dele; eu também gostei muito - isso parece ser meio unânime).

No dia 12/03, teríamos aula com o Jiro, mas ele teve um problema e não pôde ir, então tivemos duas aulas (= aula o dia inteiro) de "Produção de conteúdo para redes sociais", segundo o programa, e  que eu esperava que fosse uma aula de "marketing editorial". Achei essas aulas meio confusas e bem diferentes do que eu esperava (depois descobri que não era só eu); também não entendi por que não tivemos aula com alguém formado em marketing e que atuasse com marketing editorial (por exemplo, o coordenador de marketing da editora Darkside - acho as campanhas dessa editora, em geral, muito boas... e por trás de campanhas boas para promover os livros deve ter alguém muito bom). O que eu esperava: breve introdução sobre marketing (o que é marketing/ publicidade, de onde surgiu, como surgiu com força no Brasil etc.), quais são as práticas de marketing editorial que começaram a dar certo no exterior e no Brasil, o que não deu certo, o que está dando certo atualmente e qual a tendência/ que tipo de estratégias de divulgação as editoras estão usando hoje, cases de campanhas que deram certo e cases de campanhas que deram errado. O que tive (percepção totalmente pessoal): cases de projetos realizados pelo professor, vários sem relação com o mercado editorial, pois o foco dele parece ser o marketing político.

No dia 02/04, segundo o programa, teríamos aula com a Laura Bacellar e de "Produção de conteúdo para redes sociais", mas o horário bagunçou e nesse dia só tivemos aula com a Laura. Faltei na primeira aula porque fui para a Oficina de Tradução; fui só para a aula da tarde. Nesse dia, achei a aula meio monótona e tive a sensação de que não me acrescentou muito, porque muito da aula não era novidade (de onde vêm os originais, como editar o material da melhor forma possível, conhecer o público-alvo...), embora talvez tenha sido interessante para quem ainda não atua no mercado.

E no dia 16/04, sábado passado, tivemos aula com a Laura de novo e depois com o André Castro, que também é o coordenador do curso. Nesse dia, a aula da Laura foi bastante boa, sobre estratégias para buscar material que interesse a um determinado tipo de público e que possa virar livros, comentou sobre vários títulos que deram certo e outros que provavelmente são só "moda" e terão vida efêmera. A "cereja" da aula foi ela ter contado a história da editora que ela abriu, a Malagueta, focada no público lésbico, depois de pesquisar e avaliar bem o mercado, mas que acabou não dando certo. Todo mundo que pensa em ou quer abrir uma editora deveria fazer esse curso (!), para ter uma ideia mais realista do que é ter uma editora, do investimento necessário, do trabalho que dá e como administrar o negócio de forma sensata. A aula do André, de "Gestão financeira de editoras", foi bem produtiva. Já tive aula de "gestão financeira" no outro MBA, mas com os exemplos voltados especificamente para editoras consegui entender muito melhor, apesar de cálculo financeiro não ser o meu forte. Na aula que vem vamos aprender a trabalhar com planilhas... e estranhamente isso não me apavora.


O que não é tão legal:

1. O cronograma parece não ter muita lógica; temos aula de um assunto com um professor e depois vamos retomar esse assunto com o mesmo professor depois de várias semanas. Como houve a falta de dois professores, o cronograma ficou mais alterado/ bagunçado e não dá para saber quais aulas vamos certamente ter em quais dias.

2. Como já dito anteriormente, os professores não passam bibliografia para aprofundarmos os assuntos vistos em sala. Alguém comentou que na nossa área nem sempre tem bibliografia, mas, bom, não é verdade... devo ter uns 20 livros teóricos/ técnicos e uns mais bobinhos sobre edição e publicação em casa - e isso deve ser apenas uma pequeníssima parte do que é publicado sobre o assunto.

3. Não é uma coisa da qual estou reclamando, mas estranho muito o fato de não termos avaliação nem trabalhos. E não sei bem como será o TCC em grupo que teremos de entregar no fim do curso.


O que é legal:

1. Colegas que trabalham em outras editoras fazem comentários interessantes sobre a realidade de trabalho deles ou expõe opiniões sobre os assuntos da aula e isso é bastante enriquecedor. Consigo ir ampliando a minha noção do mercado.

2. Estar em contato com pessoas que atuam (ou querem atuar) na mesma área que eu e, aos poucos, ir fazendo novas amizades.

3. Creio que se eu juntar o que aprendi no outro MBA com o conteúdo específico desse curso, vou ter uma visão administrativa muito mais sólida.

4. Sempre tem café (para quem gosta de café) e bolo numa mesa dentro da sala de aula, para quem ficar com fome e ou tiver vontade.

5. As cadeiras são confortáveis (parece piada, mas fico imaginando ficar sentada numa cadeira desconfortável por nove horas em todo sábado de aula).

6. A escola é organizada; pelo menos me forneceram um atestado para a minha declaração de IR muito rápido e também vão providenciar carteirinha de estudante para todos que pediram.

7. Na aula passada, recebemos formulários para darmos feedback sobre os professores e as aulas.


E é isso. Escrevi tudo que me passou pela cabeça, minhas impressões e opiniões sinceras. Confesso ter desanimado também porque me passou pela cabeça ter me metido num curso meio "picareta" - cursos picaretas é o que não falta em São Paulo -, porque quem já está no mercado aprende tudo na prática e sente falta de aprender o ofício de forma mais disciplinada e aprofundada (incluindo eu), e tem pessoas desesperadas para entrar no mercado de livros... daí, para alguém preencher essa lacuna do mercado, oferecendo um curso focado nisso (seja lá como for), é um estalo. Mas não é o caso, ou pelo menos tive uma impressão melhor de tudo na última aula.

Deve ser igual me falaram mesmo: depois do segundo mês tudo melhora. Esperamos que sim, porque é muito investimento de dinheiro e, para mim, sobretudo, de tempo.

Caso tenham dúvidas ou perguntas, podem deixar nos comentários. Responderei assim que possível!


Update (06/06/2016): Continuei escrevendo mais sobre as aulas aqui.


6 comentários:

  1. Oi Aline,
    Também estava com esse receio de ser um curso meio "171" exatamente por não termos um parâmetro para comparação. É um investimento - nada barato - e que demanda muito tempo realmente. No meu caso pode ser que eu aproveite mais por não ter experiência na área editorial. Como fiz jornalismo, pensei que um curso como esse poderia me ajudar a ter uma visão pelo menos inicial da área. Como você disse, talvez iniciantes em produção editorial consigam aproveitar mais. Minhas aulas começam apenas em junho e eu estou bem ansiosa. Espero que as coisas melhorem a partir desse segundo mês pra vocês. Conversei com uma aluna de outra turma e ela disse que estava gostando, apesar de alguns professores não terem uma boa didática. Para ela o curso nem é tão básico e nem muito aprofundado. Sei que ela é formada em Letras, mas não sei se ela trabalha na área editorial.

    Se puder, nos conte depois se as coisas avançarem! Obrigada por compartilhar a sua opinião!


    Jana

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    1. Oi, Jana!

      Que legal que também vai fazer o curso!

      Preciso escrever sobre a última aula (de sábado passado), assim que tiver tempo. A aula foi sobre "Gerenciamento de projetos editoriais", o professor é excelente, gostei demais. Acho que daria pra ter aula dessa matéria com esse professor por um semestre inteiro, eu ia adorar... haha. Ele tocou em questões de como organizar melhor o fluxo de trabalho em uma editora, que era o que eu vinha buscando entender/ aprender faz tempo, e foi o único professor a passar bibliografia até agora. Voltei a ficar bem animada com o curso! =)

      Abraço!

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  2. Oi Aline!

    Estou a um passinho e meio de fazer minha inscrição na turma de junho. O único contato que tenho com o mercado editorial é ter feito algumas leituras críticas de livros cujos direitos autorais a editora tinha interesse em comprar.

    Mas agora, estou pensando em mergulhar de vez no trabalho editorial. Como não sei quase nada, penso que este curso deve me ajudar a identificar interesses mais específicos que me permitam buscar uma posição em uma editora (ou seja, me ajudar a achar o caminho das pedras).

    Faz sentido? Estou doida?

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    1. Olá, Tatiana.

      Creio que o curso será bom para você ter uma ideia global do mercado. Para quem já está no mercado, talvez algumas coisas sejam repetitivas, mesmo assim, acho que vale a pena. Além do curso em si, você poderá ter contato com pessoas do mercado que podem responder suas dúvidas ou contar como é a realidade delas e fazer networking.

      Nesse fim de semana pretendo escrever sobre outras aulas que tive depois desse post. Se quiser voltar, fique à vontade!

      Abraço!

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  3. Aline, tudo bem? Espero que sim =)
    Encontrei o teu blog procurando informações sobre cursos relacionados à área editorial. Não encontrei uma área específica para enviar email ou algo assim, por isso escrevo por aqui mesmo. Fica à vontade para responder o que puder/quiser!

    Não tenho nenhum contato com o mercado editorial, mas adoraria fazer parte dele. Tu achas que os cursos oferecidos pela Casa Educação são bons pra pessoas como eu, que não tem contato algum com o mercado? Vi que abriram oportunidades para cursos EAD (não sou do RJ, o que complica...), então pensei em fazer algum deles. Também vi oportunidades de EAD pela Universidade do Livro, sabes algo sobre os cursos deles? Pela tua experiência, o que conta mais para conseguir entrar nesse mercado: uma graduação mais específica (Jornalismo, Letras, Produção Editorial, Design Gráfico...) ou com pós-graduações é possível conseguir uma posição?

    Desculpa a quantidade de perguntas!
    Um abraço!

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    1. Oi, Nicoll!

      Bom, para falar a verdade, não estou muito satisfeita com o MBA na Casa Educação, mas o melhor do curso foi conhecer pessoas da área ou que querem entrar na área (a maioria do pessoal é MUITO bacana e todos nos interessamos por livros/ cultura, entre outros vários assuntos - adoro isso). Acho que quem não tem contato com o mercado está aprendendo mais; para mim, muitas aulas não acrescentam tanto quanto eu gostaria e isso me desanima um pouco.

      Já fiz um curso presencial sobre produção editorial na Universidade do Livro e gostei. Nunca fiz cursos on-line por lá, então não sei se são bons - colegas que fizeram falaram que a qualidade dos cursos varia muito do(a) ministrante.

      Pela minha experiência, para entrar no mercado editorial, conta ter uma boa formação (não importa se graduação ou pós). É possível conseguir entrar no mercado com uma pós específica, sim.

      Abraços!

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